Início » Férias, o remédio da alma
Quem trabalha, quem estuda, enfim, aqueles que exercem uma atividade profissional ou estudantil, sonham com as férias, sinônimo de descanso físico e mental e de mudança de rotina. O retorno ao dia a dia, geralmente, apresenta mais vontade, mais determinação seja nos estudos ou no emprego. Tudo em consequência desse tempo para recarregar as baterias, passear, se divertir, pensar na vida, olhar as estrelas, o mar, as montanhas enfim, aproveitar o ócio. No caso da Educação, o alvo principal deste texto, são dois tempos em que os profissionais ligados à área usam para descansar e, ao mesmo tempo, planejar o próximo semestre ou início de ano letivo.
Essa ideia de que o descanso faz parte importante do trabalho não é coisa de quem quer fugir da labuta. É uma questão de sobrevivência do ser humano. A Organização Mundial de Saúde (OMS) define saúde emocional como: “Um estado de bem-estar onde o indivíduo realiza suas próprias habilidades, lida com os fatores estressantes normais da vida, trabalha produtivamente e é capaz de contribuir com a sociedade”. Assim como todos os profissionais dos mais variados ramos de atividade, professores, diretores e coordenadores pedagógicos carecem desses intervalos também para repensar alguns pontos da estressante atividade diária. Sem descanso o nível de trabalho de qualquer ramo de atividade cai de produção. O cérebro também se cansa. Professores buscam diferentes maneiras de passar conteúdo para os alunos, que são de níveis econômicos e culturais diversos. Os mestres têm de apresentar, cada vez mais, uma visão aberta para se comunicar da maneira correta com as crianças e os jovens do Fundamental I, Fundamental II e do Ensino Médio, gerações que em breve estarão gerindo os recursos de toda uma nação.
Os diretores e diretoras precisam entender aqueles que estão sob sua tutela gerencial, assim como coordenadores e coordenadoras carecem falar a mesma língua dos professores e professoras para que o alvo principal, os alunos, seja atingido e receba a dose adequada e necessária de conhecimento. Os mestres estão na ponta do processo e encaram alunos de diferentes personalidades. Existem os mais bagunceiros, os mais calados, os falantes, aqueles com mais facilidade de aprender e cabe aos professores enaltecer as habilidades socioemocionais – pessoais e profissionais – de cada um, pois eles precisam sair de cada ciclo escolar entendendo a importância prática que cada matéria terá em sua vida. Para isso, é necessário que as férias existam e sejam bem aproveitadas, de maneira que todos cheguem ao final do ano cientes de terem atingido o objetivo e superado mais uma etapa na formação dessas crianças e dos jovens.
Muito mais do que ensinar as matérias da grade curricular, os professores têm o inestimável trabalho de formar cidadãos, no amplo e verdadeiro sentido dessa palavra. Não basta que eles saibam responder as questões nas provas. Isso é simples. O objetivo é mais elevado. Muito mais elevado. No entanto, para que esse círculo se feche, é preciso que as autoridades educacionais brasileiras – municipais, estaduais e federais – invistam seriamente na formação e na reciclagem dos professores, com divisão de vivências nas salas de aula e cursos de capacitação fornecidos constantemente, pois o mundo apresenta novidades a cada minuto e quanto mais espaçadas essas trocas de experiências, mais complicado fica falar a linguagem deles e fazer com que as crianças e os jovens cresçam intelectual e profissionalmente. Para que essa rapidez exista, corpo e alma precisam do remédio que se chama férias.
José Roberto Chiarella, o professor Chiarella, é educador. Professor de Educação Física formado em 1986 e coordenador do Colégio Objetivo na Baixada Santista na cadeira de Direito e Cidadania e Formação para a Vida e LIV (Laboratório Inteligência de Vida). Advogado com especialização em Direito Digital pelo Mackenzie e mestrado em Relações Internacionais Laborais pela Untref, na Argentina.