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Liberdade versus autonomia

Liberdade e autonomia são palavras com sentidos bem próximos, mas com uma essencial diferença conceitual, especialmente no cenário estudantil. Os jovens e adolescentes do Fundamental II e do Ensino Médio, assim como toda essa nova geração, têm necessidades imediatistas, querem receber informações rapidamente, algo típico da juventude da era da internet. No entanto, essas notas rápidas normalmente vêm carentes de uma apuração correta, de análise mais objetiva, bem pensada. Isso leva alguns desses estudantes a se alimentarem desse tipo de notícia e, inadvertidamente, pensar que sabem. No entanto, estão enganados, pois essa informação rasteira em geral é equivocada.

Para esses grupos, usar o aplicativo TikTok como meio de diversão é bom, agora, como meio de obter notícias sérias e verdadeiras e recheadas de conteúdo, é indevido. É errado. Todos têm a liberdade de escolher a fonte de onde buscar se informar. Somos livres para essa opção de consulta, mas é preciso avaliar corretamente, comparar com sérios e profissionais veículos noticiosos se a informação procede. Eles precisam receber orientação segura sobre o que ler e ver. Os jovens e adolescentes, alunos do Fundamental II e do Ensino Médio, precisam ter o que é conhecido como liberdade orientada, que é acompanhada pelos pais, pelos responsáveis, pelos professores e educadores em geral. Sentir o peso das frustrações da vida, sofrer, muitas vezes diariamente por erros que devem servir como lições, faz parte da formação do caráter pessoal.

Já a autonomia consiste na capacidade de realizar tarefas de maneira diferente, sem depender da interferência dos outros. Significa ser independente para tomar suas próprias decisões. Estudantes do Fundamental II e do Ensino Médio, educadores e família ou responsáveis têm de assimilar corretamente o que é autonomia e diferenciá-la de liberdade. Difícil, mas não impossível. Para isso todos têm de gastar tempo com os adolescentes e os jovens, ensinando-lhes no caminho e não somente indicando onde devem andar e buscar informações. Por exemplo: de nada adianta os alunos receberem uma tarefa de casa e os pais a executarem no seu lugar. Os adultos precisam colocar em prática a sua maturidade e deixar claro, especialmente para eles, que esse tipo de atitude não é o melhor para seus filhos, sobrinhos ou netos. Esse gesto, que muitos fazem de forma inconsciente, com o claro objetivo de ajudar, em vez disso, atrapalha, pois tira a autonomia que os alunos devem adquirir nessa fase da vida. Fazer os deveres escolares, entre outras atividades, começa a dar a eles a exata dimensão de responsabilidade. O que, obviamente, não acontece quando outros executam suas obrigações estudantis.

Essa atitude de fazer os deveres no lugar dos jovens e dos adolescentes também os impede de enfrentar situações que a vida vai impor a eles em curto espaço de tempo. Na maior parte das vezes, com um tamanho e peso bem maiores do que um simples trabalho escolar ou dever de casa. O processo natural para alguém alcançar o sucesso é aprender com a sucessão de erros que todos cometem ao longo da vida. Errar e aprender com suas próprias falhas é um processo natural e tirar essas situações do aprendizado tende a ser pernicioso para a futuro deles, que está aí, pois em alguns anos eles estarão à frente da cidade, do Estado, do nosso País. O caráter profissional e pessoal é formado na adversidade, seja ela qual for, grande ou pequena. No segmento trabalhista, dificilmente, eles encontrarão um paternalismo desse tamanho e com essa intensidade, pois ninguém exercerá sua função e eles ganharão o prêmio. Enfrentar as dificuldades e aprender a superá-las é a autonomia adequada.

José Roberto Chiarella, o professor Chiarella, é educador. Professor de Educação Física formado em 1986 e coordenador do Colégio Objetivo na Baixada Santista na cadeira de Direito e Cidadania e Formação para a Vida. Advogado com especialização em Direito Digital pelo Mackenzie e mestrado em Relações Internacionais Laborais pela Untref, na Argentina.