Início » Mais atenção aos desatentos
Num mundo em que todos buscam o direito de viver e de ser aceito e inserido na sociedade, as pessoas com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ainda precisam ter essa síndrome de desatenção e impulsividade mais bem entendida. Apesar de 13 de julho ter sido oficializado como o Dia Mundial da Conscientização sobre esse importante tema que atinge mais de dois milhões de pessoas no Brasil, a decifração desse transtorno tem essencialmente de contar com a ajuda inicial da família, pois é ali que as crianças, jovens e adolescentes passam a maior parte do tempo. Pais e responsáveis devem notar mais rapidamente essa questão da desatenção, pois estão com eles no dia a dia. O estreito relacionamento entre pais, responsáveis e professores tende a facilitar a identificação e a auxiliar no cuidado.
Assim que o TDAH for confirmado pelos especialistas, entra o primordial trabalho dos professores, sejam de escolas públicas ou particulares. A sala de aula é o equivalente ao consultório do médico, pois na escola, na convivência com os educadores e com os outros alunos, é que podem ficar mais evidentes sinais dessa falta de atenção e hiperatividade. Algumas orientações de como tratar esses jovens e adolescentes começam com demonstrar muito amor e carinho a eles. Sem isso, nenhuma receita vai funcionar adequadamente. Esses alunos devem ser colocados nas primeiras cadeiras, mais perto do professor para que o foco deles esteja no mestre e sua atenção seja o menos desviada possível. Para reduzir as chances de bullying dos colegas de classe, eles têm de ser estimulados a trabalhar em grupo, o que estreita o relacionamento social e as habilidades socioemocionais. Fracionar as atividades em sala de aula também colabora nesse processo de interação e de foco. Para isso a aula pode ser dividida em blocos com alguns minutos de intervalo. Isso auxilia o cérebro das crianças e dos adolescentes com TDAH a absorver melhor os ensinamentos da aula e, em seguida, restabelecer a atenção.
Passar a informação de maneira clara e precisa também ajuda no processo de aprendizado do TDAH. Sem entender direito, muitas vezes, por vergonha, eles deixam de perguntar. O aluno com essa sídrome precisa estar focado nos assuntos da aula, caso contrário perderá o interesse, pois o cérebro dele está pensando na frente, no que virá ou fará depois. Atividades físicas assim como as lúdicas, que variam de acordo com a criatividade dos professores, são outros itens que os deixam mais relaxados. Eles precisam ser estimulados a focar o pensamento em determinado ponto ou assunto. Detalhe essencial é evitar sobrecarregar os alunos com incontáveis atividades e levá-los a um processo de estresse. Tanto no esporte competitivo de alto nível quanto na educação a repetição é fundamental. Os atletas chutam, cortam, arremessam, estudam os movimentos dezenas, centenas de vezes nos treinos e acabam trabalhando seus cérebros para fazer a coisa certa no momento certo. Alunos, com ou sem essa síndrome também podem fazer isso, só que nos estudos.
Apesar de todos esses cuidados que precisam ser tomados, os alunos com TDAH têm de se sentir queridos e estar adaptados às situações. De nada adianta os mestres trabalharem com eles nas classes se a família não colaborar e entender que essa síndrome não é algo que irá prejudicar o filho ou filha no futuro. Muito pelo contrário, segundo especialistas, os alunos com TDAH têm tudo para ser excelentes profissionais em várias áreas de atividade. Para que isso se torne realidade a visão da família e das escolas tem de ser acolhedora, sem qualquer preconceito. É preciso que professores, educadores, pais e responsáveis deem mais atenção aos desatentos.
José Roberto Chiarella, o professor Chiarella, é educador. Professor de Educação Física formado em 1986 e coordenador do Colégio Objetivo na Baixada Santista na cadeira de Direito e Cidadania e Formação para a Vida. Advogado com especialização em Direito Digital pelo Mackenzie e mestrado em Relações Internacionais Laborais pela Untref, na Argentina.