Início » Ressignificação, desafio educacional de 2025
Ressignificar é uma palavra que passou a integrar o vocabulário de vários especialistas, com grande destaque para os da Educação, nas últimas décadas em especial nos últimos dias. Em conversas sobre assuntos como psicologia e desenvolvimento pessoal o termo passou a ser quase que obrigatório. Apesar de a palavra em si não apresentar grandes dificuldades de compreensão, pois fica nítido o sentido de dar novo significado, que pode ser estendido a olhar para experiências, sentimentos e situações sob uma nova ótica, alterando a interpretação habitual e provocando impacto na vida das pessoas, no caso, jovens e adolescentes mesclados entre as gerações Alpha e Beta. Ressignificar também pode ser entendido como uma poderosa ferramenta para o crescimento pessoal e o bem-estar emocional destes grupos. Com certeza, esta palavra será uma das mais usadas no reinício das aulas escolares quando passará a valer, na prática, a proibição do uso dos celulares em salas de aula e até mesmo nos intervalos, antigamente conhecidos como recreio.
Essa proibição, há algum tempo esperada com ansiedade por professores, diretores, enfim, todos ligados à Educação, tem tudo para transformar, para melhor, a dinâmica nas salas de aula de todo o Brasil. A lei teve como base a constatação do grande impacto negativo do excessivo uso dessa tecnologia, que leva à atrofia cognitiva associada – desvio da atenção dos alunos para os aparelhos, principalmente as redes sociais. A ressignificação vai possibilitar um novo olhar dos adolescentes e jovens para as matérias ensinadas pelos professores, que agora não terão mais de dividir a atenção com os incontáveis entretenimentos oferecidos na internet. Sem o desvio da concentração os alunos têm tudo para enxergar a realidade da maneira real e não somente virtual, assistir às aulas e, ao mesmo tempo, estudar na escola quando o professor dá a eles a possibilidade de se tornarem agentes do processo de ensino, participando, de forma eficaz, desse sistema.
No lugar de, eventualmente, buscar uma fácil e rápida resposta na internet, eles terão incentivada a capacidade de pensar, de questionar a realidade e de construir seus próprios conteúdos. Eles vão se engajar no processo de aprendizado através de debates, em matérias que permitem essa prática, e nas ciências exatas como matemática, tendem a desenvolver o raciocínio lógico. A ressignificação deve contribuir para aproximar deles o entendimento da teoria à prática, e tem tudo para estimular a curiosidade, despertar o gosto pelo conhecimento especialmente a partir da leitura, da pesquisa dentro e fora da sala de aula, e da busca pelas soluções dos problemas, dos mais triviais aos mais complexos. Nos intervalos a ausência dos celulares facilitará o relacionamento interpessoal, a interação com os amigos, com monitores, enfim, todos ligados à área educacional. O principal objetivo da proibição dos celulares nas escolas, diz a lei, é “salvaguardar a saúde mental, física e psíquica das crianças e adolescentes”. Existem muitos estudos por todo o mundo comprovando os prejuízos que o uso excessivo das telas acarreta. E o Brasil é mais um País, assim como vários da Europa, a regulamentar o uso dos aparelhos.
José Roberto Chiarella, o professor Chiarella, é educador. Professor de Educação Física formado em 1986 e coordenador do Colégio Objetivo na Baixada Santista na cadeira de Direito e Cidadania e Formação para a Vida. Advogado com especialização em Direito Digital pelo Mackenzie e mestrado em Relações Internacionais Laborais pela Untref, na Argentina.