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Sim, diga não!

Uma das coisas que mais machuca o coração dos pais é dizer não, especialmente às crianças e aos jovens adolescentes a quem ama. Essa palavrinha de três letras que em boa parte das vezes é advérbio, mas também pode ser substantivo, precisa ser usada – como diz a propaganda – com parcimônia. No entanto, precisa e tem de ser usada para que a digamos assim, garotada, entenda que o mundo não é feito somente de suas vontades e desejos realizados. O mais importante nessa história é que os pais e responsáveis também têm de saber que essa palavra monossílaba educa! Não existe uma receita pronta para educar filhos, pois cada família, ou agrupamento familiar, tem suas regras, suas lógicas e seu método de ensino. Mas em todos eles, por mais diferentes que sejam, o não deve estar presente.

As receitas de bolo determinam a quantidade de cada ingrediente, mas especialistas por vezes discordam e colocam uma pitada disso ou daquilo a mais ou a menos. Assim também é com o não. Isso faz parte da disciplina das crianças e dos jovens adolescentes e será algo inculcado em suas mentes e corações para a vida toda. Esse advérbio de negação – vamos definir assim como é mais conhecido – ajuda filhos, netos, sobrinhos no desenvolvimento da inteligência emocional e na resiliência às batalhas que, com certeza, enfrentarão durante suas vidas que estão apenas começando. Diz a sabedoria popular que o caráter é forjado na dificuldade e o não educativo faz parte dessa formação. Praticamente todos os pais de hoje foram criados ouvindo negativas com alguma frequência. Mais do que normal.

Então, por que muitos não conseguem dizer não para os filhos e geram neles uma grande permissibilidade? Quando as crianças e os jovens veem todos os seus desejos realizados e suas atitudes, sejam quais forem aprovadas, passam a entender que tudo o que é deles é mais relevante do que o que pertence aos outros. Vamos combinar que o mundo nunca foi, não é, e nem será assim. A palavra-chave na educação é limite, especialmente na adolescência, quando eles têm condutas impensáveis para quem tem um pouco mais de experiência. Nessa equação é necessário que a palavra equilíbrio prevaleça. Pais e responsáveis não podem apresentar nem excesso nem ausência de negativas. Eles precisam de disciplina, mas quando se usa essa palavra muita gente visualiza um retorno à Idade Média, com castigos físicos e tal. Não é isso!

Os filhos necessitam entender, através de uma conversa aberta e próxima, os motivos deste ou daquele não para o que pretendiam fazer. Sim e não carecem ser bem fundamentados – se possível até de forma didática e ilustrada – para que crianças e jovens adolescentes escutem e falem num diálogo franco, aberto e proveitoso para as duas partes. Exemplos da atuação dos pais e responsáveis podem ser citados, como limitar o uso da internet até 19 horas, com possibilidades de elevar nos finais de semanas, feriados e férias escolares. Para entender o mundo da garotada é necessário se informar, ter a mente aberta, aprender e buscar esclarecimentos com gente que entende do assunto. Até mesmo ajuda profissional. Zelar pela vida e saúde dos filhos é lei e os que desobedecerem, ou deixarem de fazer sua parte, estão sujeito a punições.

Pais e responsáveis precisam gastar tempo com filhos, argumentar, conversar, por mais difícil que seja hoje em dia devido aos afazeres profissionais e à intensa agenda de alguns. Eles não podem ser considerados carrascos, daqueles que só proíbem as crianças e os jovens adolescentes. Com a garotada sendo corrigida de forma equilibrada quando crianças e jovens, nunca poderão chegar à vida adulta e ao ouvir um sonoro não, jogarem na conta dos pais. ‘’Se você tivesse me corrigido quando criança eu não seria assim!” Essa é uma dolorida frase que os pais atuais e os futuros precisam gravar em suas mentes e levar a garotada pelo caminho correto desse complexo e desafiador tema.

José Roberto Chiarella, o professor Chiarella, é educador. Professor de Educação Física formado em 1986 e coordenador do Colégio Objetivo na Baixada Santista na cadeira de Direito e Cidadania e Formação para a Vida e LIV (Laboratório Inteligência de Vida). Advogado com especialização em Direito Digital pelo Mackenzie e mestrado em Relações Internacionais Laborais pela Untref, na Argentina.