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Tempo que vivemos. Tempo que viveremos

O ser humano tem controle sobre várias coisas na vida. Existem pessoas que eram ricas, perderam tudo e recuperaram a fortuna. Gente que se desvinculou da mulher, do marido, dos filhos, mas retomou o caminho, resgatou familiares e amigos e hoje vive muito bem. Quase tudo é passível de ser readquirido. Quase tudo. Menos o tempo. Ninguém conseguiu, e nem conseguirá fazer isso com os segundos, minutos, horas, dias, semanas, meses e anos que se passaram. Já era, como dizem os jovens. Pais e responsáveis precisam usar da melhor maneira possível as oportunidades ao lado dos filhos. Para lazer e também para ensinar. De nada adianta só ficar deitado no sofá, ou na frente da tevê com o filho ao lado. Como diz uma célebre frase popular: Não basta ser pai, tem de participar!

Participar significa dar atenção, tratar de fazer com que tudo o que pais ou responsáveis realizem seja algo proveitoso para a família, apesar de termos visto uma geração de filhos que não obedecem aos pais e de pais que obedecem aos filhos. Total inversão de valores da formação que teve boa parte dos pais e mães. Não existe uma receita definitiva para transformar esse tempo ao lado das crianças em horas de qualidade e não em algo meramente presencial. Analisando a fase de início da vida estudantil, em geral, no máximo os pais atuam diretamente até os sete ou oito anos da criança. Ou seja, cinco ou seis anos, quando marcam presença nas praticamente obrigatórias festinhas de final de ano, Dia dos Pais, Dia das Mãe, enfim, datas marcantes.

Quando os adultos acordam e os veem grandes, tudo já acabou e é impossível recuperar esse tempo que foi perdido, mas poderia ter sido bem mais aproveitado. Como não existe receita pronta, é preciso promover uma profunda reflexão sobre o que os responsáveis oferecem às crianças e o que poderia ser fornecido a mais. Muitas famílias de hoje passam a eles úteis e necessárias noções de cidadania, do Estado Democrático de Direito, de democracia. Muito bom mesmo, mas isso se torna um contrassenso, pois essas atividades e informações acabam por demonstrar que eles lutam por liberdade tirando a própria liberdade e cabe aos adultos solucionar essa complicada equação, que leva crianças e jovens a encontrarem sua maneira particular de lidar com a situação.

Com isso, eles acabam por defender sua privacidade ao não permitir que pais ou responsáveis tenham acesso à senha do seu celular. Isso tem acontecido muito nos dias de hoje e é consequência da falta de pais e responsáveis terem deixado de aproveitar o tempo, aquele mesmo que não volta mais, aquele irrecuperável. Não existe receita para compor essa argamassa de educação familiar, pois em cada casa, ou lar, temos ética e moral particulares, cada um com pequenas diferenças e que precisam ser respeitados. Já passou da hora de se ter conhecimento de quais e de quem eles seguem nas redes sociais e o que e onde consomem informação. Filhos não são o que são. São levados a ser! Muito em função do que consomem na internet. Pai, mãe, tio, tia, avó, avô, enfim, todos os que cuidam deles, precisam sentir a real responsabilidade de preparar as crianças e os jovens a torná-los melhor do que somos.

José Roberto Chiarella, o professor Chiarella, é educador. Professor de Educação Física formado em 1986 e coordenador do Colégio Objetivo na Baixada Santista na cadeira de Direito e Cidadania e Formação para a Vida e LIV (Laboratório Inteligência de Vida). Advogado com especialização em Direito Digital pelo Mackenzie e mestrado em Relações Internacionais Laborais pela Untref, na Argentina.